sábado, 4 de dezembro de 2010

A Tristeza não Vem da Alma, mas do canto do Uirapuru Interrompido pelo novo som da modernidade


A Amazônia hoje, no contexto de crescimento populacional vivido, perde sua essência para os rótulos da modernidade. As cidades fogem à suas histórias, e sua raiz, ao seu contexto.

Segundo o ultimo Censo do IBGE - 2010, as grandes metrópoles da Amazônia tiveram um aumento populacional significante, aumentando também a coleta de lixo e o abastecimento de água, o que não significa é claro, que o lixo é aterrado com segurança devida e nem muito menos que está sendo fornecida para as residências água de qualidade, pois muitas vezes o abastecimento da-se de forma direta do rio.

As ações destinadas à nossa região de matas, rios e de uma diversidade de biomas incomparáveis, são cada vez mais pensadas de fora, trazendo para cá uma temporalidade e espacialidade totalmente inerente a realidade vivida.

São pequenas cidades à beira de rios e estradas que tentam seguir o avanço das grandes metrópole do sul, onde tudo convenientemente foi fantasiado apenas como progresso. 

O grande problema é que nas cidades da Amazônia todas as transformações aconteceram de forma tão rápida que deram inicio a novas forma de vida e de trabalhar que nem sempre apresentam apenas o " progresso" almejado.

Nossas matas são singradas por estradas vicinais que permitem o fluxo dos centros de negócios, extrativos de minérios, madeira e até mesmo de grãos atualmente.

As nossas cidades, ao passo das diferenciações geográficas diferentes " in locum" refletem realidades singulares, algumas que resguardam a pluralidade antiga, antes com a promessa de ser transformada. 

Afinal, a Amazônia, lugar de progresso, indica muito mais um "lugar nenhum", onde a ideia do moderno está vinculada à baixa qualidade de vida, pouca infraestrutura, crescimento de epidemias e destruição ambiental.

Aqui nossas vidas estão ligadas às florestas, aos rios, à magia e encanto da particular beleza do cenário local, onde por muitas vezes permanecemos em um estado de inércia, olhamos para o lado onde o tudo está inacabado, e o quase-tudo é improvisado.

Olho para o lado e sinto que o 'cruzar 'dos rios que em sua forma meandrante parecem buscar adentro da mata os mistérios dela, desaguam mais próximo aos barrancos de terras caídas  que em frente revelam troncos extraídos violentamente da terra que nada ofereceu. Ou que muito ofereceu ? 

Troncos misturam-se aos grandes barcos de transporte de alimentos, que substituíram o famoso " Regatão", o qual levava um pouco de tudo, levava com ele roupas, carnes, peixes, histórias e contos.

No entanto, ao se transfigurar na Amazônia, tenta-se absorver os enigmas do mundo, da mata e do ser, que abrem debates para o arrumamento das cidades ribeirinhas, dos serviços oferecidos nelas e os aspectos gerais de cultura e simplicidade que se pode ver no sorriso mais infantil que correm ruas e vielas portuárias.

Aqui o urbano mescla-se com a natureza, ainda que resguarde a "inércia" e a dinamicidade, que antagonicamente dão inicio a processos carentes de entendimento e de produções científicas.

Ainda que se  possa entender que a natureza Amazônida é resguardada pelos valores culturais produzidos aqui, não se pode aferir que o sonho projetado de ser ter acesso A "um mundo novo e moderno" não interfira nesse resguarde, afinal são seres humanos sonhadores e transformadores, como qualquer outro 'sulista ou nordestino' capaz de (re) inventar seus próprios anseios e espacializa-los .


Um Texto caprichado com a visão realista e critica de José Aldemir de Oliveira, em  - A Amazônia a partir de suas cidades - 



Eliakim Silva

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Papo nosso de cada dia - Geomorfologia Aplicada ao Planejamento Urbano

Primeiramente, o que é a Geomorfologia?
A Geomorfologia trata-se de uma ciência que estuda as formas do relevo terrestre, e por isso revela em seus estudos uma gama de fatores potencialmente proveitosos para a aplicação do planejamento a empreendimentos humanos. Sabe-se que se deve haver um profundo conhecimento do solo e sua dinâmica de trabalho, para que assim se possam evitar transtornos futuros relacionados à má utilização do solo e por não conhecer as potencialidades físicas, químicas e biológicas do mesmo. (VELOSO, 2009)
Pra que serve a Geomorfologia Aplicada?
Na pós-modernidade os empreendimentos humanos construtivos têm sido cada vez mais freqüentes e de dimensões maiores, que por sua vez dimensionam também o aumento dos riscos de fracassos dessas construções. Então, por isso deve haver um grande estudo do tipo do solo escolhido e tentar prever os efeitos dos riscos gerados, vez que cada solo tem um comportamento diferente a cada forma de manejo, logo a aplicação da Geomorfologia ao planejamento urbano representa um marco para as medidas de prevenção e auxílio à sociedade evitando assim as grandes catástrofes naturais ou forçadas.
Aqui entre nós:
Em Macapá, tal importância foi no mínimo deixada de lado, temos empreendimentos na orla que se erguem sem o minino de planejamento ou por falta de materiais resistentes. O que acaba por acontecer são os desgastes acelerados promovidos na estrutura e o risco gerado para muitas vidas.
O exemplo disso esta na construção de casas na orla do aturiá, casas que ficam sob a força de cheia e sob a força de vazamento das marés 4 vezes ao dia no intervalo de 6 horas. É claro que houve uma ocupação desordenada e não prevista, mas hoje se vê que essa ação rendeu frutos ruins, como o desabamento de varias residências, bares e pontes que ali haviam sido erguidas, foram tragadas pelo processo de erosão, de denudação continental, que muda o relevo e transforma a dinâmica terrestre exógenamente falando.

Erosão Costeira no Bairro Aturiá em Macapá, AP. (Fonte: Geólogo Valter Avelar)


Por isso conheça, Aprofunde-se e depois Integre-se....

Por: Eliakim Silva



domingo, 1 de agosto de 2010

O Amapá através dos tempos - Arqueologia -

Temos o conhecimento de que a Arqueologia é uma ciência que investiga o modo de vida histórico  e conseqüentemente suas faces culturais através de vestígios suplantados pelo tempo. Indícios muitas vezes Geológicos, que se fazem eternizar ao longo dos anos abaixo de uma densa camadas de sedimentos.

Pois bem, convenhamos aqui que a cultura Amapaense em termos de achados arqueológicos é ampla, possibilitando assim o reconhecimento do nossos antepassados, uma questão de afirmação que se torna verídica através dos fatos comprobatórios.

Após o episódio de 1990 onde Arqueólogos do IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá) juntamente com Universitários dos cursos de Geografia, História e Física trabalharam na escavação do achado de 12 urnas funerárias encontradas quando se escavava uma vala de drenagem pluvial nas redondezas da universidade , o episódio voltou a se repetir. Como já se sabia das densas informações que circundavam as proximidades do bloco E (Bloco de Geografia), foi iniciado um trabalho de escavação para reiterar fatos além dos que um dia foram abruptamente catalogados por um outro museu, um fato que aqui entre nós é no mínimo inquietante. Diga-se de passagem de que nada fora apropriado ilegalmente, o que ocorreu é que como não havia arqueólogo no estado, a retirada foi feita por pesquisadores do Museu Emilio Goeldi, que catalogaram os achados.

Após a retomada das escavações em Junho deste ano, os que naquele local trabalhavam foram surpreendidos na Terça-Feira, do dia 27 de Julho de 2010, uma manhã aparentemente normal, porém um fato surpreendeu os pesquisadores do Programa de Resgate Arqueológico no Campus Marco Zero da UNIFAP. Alguns artefatos foram  encontrados durante as escavações, porém algo de um tanto incomum eles apresentavam. Uma urna relativamente grande de dimensões de 70 cm de largura e 65 cm de altura, que tem características marajoaras, e outras quatro de menor porte com mais três estilos indefinidos.


Segundo Mariana Cabral, uma das coordenadoras do Programa e arqueóloga do IEPA, a urna em questão deve ser a maior já encontrada no Estado e pode ser mortuária, pois o local é um antigo cemitério indígena pré-colonial e os estilos diferentes de urnas encontradas mostram um possível contato entre diversas culturas indígenas há mais ou menos 1.000 anos atrás.(Fonte: UNIFAP)

O programa que estava previsto para ser encerrado no dia 23 de Julho fora adiado, e se estendeu até o fim desta semana, onde houve um labor muito grande para a retirada das urnas para preservá-las o máximo possível.
As urnas então seguirão para os Laboratórios do IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá), onde após os processos de estudos parciais eu particularmente espero que sejam catalogadas por aqui mesmo...assim espero !

       




Por: Eliakim Silva

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amala & Kamala a história das "meninas-lobo"







EM TESE : Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades presumíveis eram de 2 e 8 anos. Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas meninas-lobo. Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu durante oito anos na instituição que a acolheu,humanizando-se lentamente.Ela necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer só tinha um vocabulário de 50 palavras.Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente ás pessoas que cuidaram dela e ás outras crianças com as quais viveu.Obviamente, não falavam, e seus rostos eram pouco expressivos. Não sabiam andar de pé, mas se moviam rapidamente de quatro. Apreciavam carne crua, tinham hábitos noturnos e repeliam o contato humano, preferindo os cachorros e os lobos. Ao serem encontradas, gozavam de perfeita saúde, mas a separação da família lupina provocou-lhes profunda depressão, levando uma delas à morte.



O FATO: Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família(?) de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos.
Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos.
Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativa e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam.
Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se (?) lentamente. Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinqüenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela bem como às outra com as quais conviveu. Sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples”.

LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p 12-14.

“O relato acima descreve um fato verídico e permite entender em que medida as características humanas dependem do convívio social. Amala e Kamala, as meninas-loba da Índia, por terem sido privadas do contato com outras pessoas, não conseguiram se humanizar: não aprenderam a se comunicar através da fala, não foram ensinadas a usar determinados utensílios, não desenvolveram processos de pensamento lógico...”
DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na educação.São Paulo: Cortez: 1990. p 16-17 


Por: Eliakim Silva